Um destes Sábados fui a Ayamonte. Para além de ir passear com a família, ia com a ideia de fazer algumas compras. Assim foi.
Chegado a Ayamonte o primeiro obstáculo é estacionar. A única opção foi um ACNS (Arrumador de Carros Não Solicitado) que lá "arranjou" um lugar, que eu já tinha visto… Enfim, pago o serviço não pedido, lá fui para a zona comercial.
Nesse Sábado de manhã os Portugueses inundaram Ayamonte. Ouvia-se falar mais Português do que Espanhol!!! Comprei uma fato de carnaval para o bebé lá de casa, a preço bastante acessível e nesse tipo de lojas só se via Portugueses, todos a preparar o Carnaval deste ano.
Andei depois à procura de tabaco, pois como sabem com o aumento brutal no tabaco em Portugal e com a diminuição do preço em Espanha (as grandes empresas de tabaco baixaram bastante os preços na sequência da nova legislação anti-tabágica), a diferença é de cerca de 1 euro por maço. Como cada pessoa pode circular livremente com 4 volumes, pode-se conseguir uma poupança de 80 Euros!!!
Para finalizar fui atestar o carro. A gasolina sem chumbo 95 custa menos 28 cêntimos do que em Portugal! Atestei 40 Euros, o que em Portugal me teria custado 50 Euros! O gasóleo tem uma diferença de 10 cêntimos, o que também é convidativo. Ao que parece as bilhas de gás também têm uma diferença de preço razoável.
Um amigo meu foi trocar os pneus e poupou cerca de 70 euros.
As compras de supermercado penso que também compensam, designadamente aquelas que são taxadas pelo máximo (16% em Espanha e que cá pagam 21%). E com a globalização que existe hoje em dia, até podemos encontrar marcas iguais aquelas que temos cá em Portugal!!!
Com estes exemplos vê-se bem como compensa ir fazer algumas compras a Espanha.
Para compensar, de volta fui almoçar a Santa Luzia (Tavira), capital do Polvo, onde petisquei uns belos choquinhos grelhados… por falta de parceiro para o arroz de polvo!
A opção dos nossos Governos em aumentar o IVA e os impostos sobre produtos petrolíferos e sobre o tabaco, provocou graves problemas às empresas sedeadas perto da fronteira.
Em termos do País como um todo, a diferença até poderá não fazer grande diferença, mas certamente o tecido empresarial de Vila Real de Sto. António e arredores sentirá bem fundo estes problemas. Para não falar do resto do País que faz fronteira com Espanha.
Por outro lado, não se pode pedir aos consumidores que comprem mais caro em Portugal e não vão a Espanha, em nome do interesse nacional. Até se pode pedir, mas com o custo de vida actual, as pessoas estão mais interessadas em defender o seu bolso, do que em contribuir para o aumento de receitas do Estado!!!
Com uma diferença na taxa do IVA de 5% (21% contra 16%) nos produtos e serviços de taxa máxima, será sempre uma tentação para quem está do lado de cá da fronteira dar o pulo e fazer as suas compritas. E ainda atesta o depósito, compra um tabaquito e poupa umas massas.
Porque se pretendem que a União Europeia seja um espaço de livre circulação de pessoas, bens e recursos financeiros, há que aproveitar as partes boas que esta situação proporciona.
Os sacrifícios pedidos pelo Governo aos Portugueses espera-se que sejam temporários. Depois de efectuada a racionalização da Função Pública e das efectivação das reformas anunciadas, espera-se que venham os resultados positivos. Com o início da retoma da economia que se espera há vários anos, que é sempre anunciada para breve e nunca mais chega, aguarda-se que o País possa voltar a uma vida fiscal mais harmoniosa, o mais possível semelhante à Espanhola, devolvendo a competitividade às empresa fronteiriças e aos nossos bolsos.
Até lá, resta-nos esperar pacientemente por dias melhores. E estas empresas fronteiriças terão que se aguentar até que a vida melhore, talvez reduzindo pessoal e contendo os custos ao máximo.
João Nuno C. Arroja Neves
Economista
Magazine do Algarve - Abril de 2006
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1 comentário:
E onde é que o seu amigo trocou os pneus? tenho de fazer o mesmo.
Obrigado
Luis Francisco
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